Kleyber Nilo - Kung Fu & Boxe Chinês

A Origem do estilo Ch’an Tao Chuan – Kung fu

Por: Professor Kleyber Nilo

Formado em Teologia;

Formado em Artes Marciais – Kung Fu (Faixa Preta)

                                               Boxe Chinês (Faixa Preta)

Possuidor de 62 Títulos dentro do Kung Fu e Boxe Chinês, dentre eles:

14 Títulos Estaduais;

06 Títulos - Copa dos Campeões;

08 Títulos - Norte-Nordeste;

05 Títulos - Campeonato Brasileiro;

02 Títulos - Copa do Brasil;

01 Título - Pan-Americano;

01 Título - Mundialito.

entre outros...

     Os primeiros indícios de Artes Marciais surgiram no Oriente, muito antes da invenção da escrita, em outros casos, acredita-se que os primeiros registros fiéis do Wushu termo chinês que literalmente significa arte marcial, mais conhecido como Kung fu, foram encontrados por arqueólogos em ossos, pedras, restos de madeiras e até em cascos de tartarugas, entre a dinastia Hsia e a dinastia shang (1766-1122 a.C.), outro fato histórico, foi que, arqueólogos também encontraram machados de pedra, pontas de lanças feitas em pedra, facas e flechas em recentes escavações, levando a crer que a idade do Kung fu vai além das dinastias supracitadas.

    Acredita-se que as técnicas de defesa e ataque tiveram origem na observação dos animais na natureza, partindo da necessidade de sobrevivência e obtenção de alimentos. Nos antigos templos, os monges desenvolveram técnicas de luta sem armas, objetivando saúde e autodefesa, onde, “através de exercícios penosos pretendiam o fortalecimento do corpo para dar morada à paz de espírito e à verdade religiosa” (Sasaki, 1989). As artes marciais foram ensinadas em segredo de mestre para discípulo por séculos, por isso há grande falta de literatura apropriada que descrevam com exatidão a sua história.

   Além da habilidade em combate e ganho de saúde, o Ch’an Tao Chuan (estilo em questão), trabalha o desenvolvimento pessoal, advindo da disciplina, persistência e respeito aos limites; estrutura o corpo e a mente ajudando no equilibrio psíquico e auxiliando a pessoa a vencer novos obstáculos e desafios.

   O Ch’an Tao Chuan é mais uma destas artes marciais milenares, assim como alguns estilos de Kung fu. Na sua criação, o Ch’an Tao Chuan tinha o nome de Vajramushti (do Sânscrito, vajra = bastão; mushti = soco, pancada, batida ("aquele cujo punho cerrado é inflexível")), originado na Antiga Índia a mais de 3.000 anos a.C. (segundo registro de alguns mestres e historiadores), mais precisamente na região de Kerala. Acredita-se que o Vajramushti é uma das artes marciais mais antigas no mundo, uma arte guerreira e habilidosa, desenvolvida pela casta marcial da Índia chamada Dshastra ou Kshatriya.

   Buda era um príncipe, sendo assim, pertencia à classe guerreira dos Dshastras, que por sua vez, aprendeu o Vajramushti como parte de sua educação militar. Mais tarde, se tornara um exímio guerreiro e ensinava o Vajramushti, visando à unificação da mente com o corpo, os monges que se tornaram seus discípulos o apreciavam também como um recurso para a defesa pessoal para enfrentar os perigos daqueles tempos em suas peregrinações.

Em torno de um milênio depois da morte de Buda, Bodhidharma (também conhecido como Ta Mo, Dharuma e Daruma Taishi) foi um membro dos kshatriya, ou casta guerreira, e passou sua infância em Conjeeveram (também Kanchipuram ou Kancheepuram), a pequena província budista do sul de madras, foi o terceiro filho do rei Sugandha do sul da Índia, portanto, príncipe, aprendeu o Vajramushti de um mestre ancião chamado Prajnatara, que foi responsável pela mudança do nome do jovem discípulo de Bodhitara para Bodhidharma, o qual foi um excelente discípulo e logo se sobressaiu entre os colegas, na meia-idade já era considerado um mestre budista. Tendo Bodhidharma se tornado o 28º patriarca do Budismo, viajou à China durante a dinastia Sung (420-479 d.C.) e as dinastias do Norte e do Sul (420-581 d.C.), na China, encontrou o Imperador Lin Wu Ti da dinastia Liang (502-557 d.C.) em Ching-ling (agora nanquim), que era um admirador do Budismo. Porém, Lin Wu Ti era seguidor de uma linha nova no Budismo, com características ritualísticas e salvacionistas, contrárias às de Bodhidharma, que pregava a meditação e a busca interior. quando Lin Wu Ti viu Bodhidharma (diz a lenda), ele lhe perguntou: "eu trouxe as escrituras de seu país para o meu. construí templos de grande beleza e fiz com que todos abaixo de mim aprendessem as grandes doutrinas budistas. que recompensas eu receberei na próxima vida por isso?"Bodhidharma replicou: "nenhuma!" (referindo-se à crença budista de que se você fizer alguma coisa esperando recompensa, pode esperar nada).o rei ficou tão furioso que baniu Bodhidharma do palácio. Bodhidharma novamente se dirigiu para o norte. Viajou para a província Honan atravessando o rio yuang-tse, estabeleceu-se no monastério Shaolin (também chamado Sil-lum) no monte Shao-shih nas mostanhas Sung. Depois de chegar ao templo Shaolin, reza a lenda que ele meditou em frente a uma parede por nove anos, em sua meditação, fundou o budismo Ch'an, a lenda diz que além de formar o Ch'an, Bodhidharma também fundou alguns estilos de Kung fu. Sua chegada trouxe mudanças significativas, influenciando os hábitos não só dos monges como de toda a comunidade, Foi no Templo Shaolin que Bodhidharma, segundo relatos, introduziu o Vajramushti, ensinando aos monges do Templo Shaolin, os quais adaptaram o Vajramushti ao estilo de Kung fu tradicional, em conjunto, Bodhidharma e alguns monges, aperfeiçoaram o Vajramushti, só depois escolheram 21 monges, e os transformaram em peritos de combate corpo a corpo. Esses 21 peritos em artes marciais protegiam os portões do templo, bem como, eram sinônimo de heróis para a proteção da terra e manter a paz.

   Com o estabelecimento dos 21 peritos ou 21 guerreiros, o Kung fu se desenvolveu grandemente, propagando assim, toda a arte marcial chinesa a tal ponto que o Templo Shaolin ficou ainda mais famoso como centro de Artes Marciais do que de budismo, efetivamente.

Dentre os demais estilos de Kung Fu, o Vajramushti era, no Templo Shaolin, ensinado em segredo, devido ao seu poder como Arte Marcial, e as técnicas somente eram ensinadas às pessoas que entendessem o conhecimento de seu verdadeiro significado. Com o tempo ocorreu uma cisão nos propósitos do Templo. Conhecimentos de Vajramushti adicionados ao Kung-Fu antigo, originado dos tempos de Huang-Ti, eram ensinados ao povo com nome de Kung Fu Shaolin, com o objetivo de se defenderem do domínio dos oficiais corruptos do governo Manchu. Mas entre os monges Shaolin mantinha-se preservado o verdadeiro Vajramushti, que como recurso à meditação e ao desenvolvimento do espírito, o seu nome foi mudado para que permanecesse em segredo entre os monges Shaolin, e por isso passou a ser chamado em chinês de “Ch’an Tao Chuan”, ou “A arte dos punhos no caminho da meditação”.

   Anos depois, mais precisamente no dia 25 de julho do décimo segundo ano do reinado de Yung Cheng na dinastia Ching (1733 d.C.), um monge Shaolin pertencente a uma hierarquia inferior, chamado Ma Ning Yee, em conluio com três oficiais do governo Manchu envenenou a água do templo e o incendiou, abrindo suas portas para permitir a entrada dos soldados que o arrasariam. Dessa carnificina escaparam apenas cinco dos mestres, quatro monges e uma monja, a saber: Pak Mey, Cheen Sin, Mil Hin, Fung To Tak e Ng Mui (criadora do estilo Wing Chun, tão popular devido a ser o estilo que o grande Mestre Bruce Lee se iniciou no Kung Fu). Os quatro monges deram origens a vários estilos de Kung fu que se tornaram matrizes dos estilos posteriores a Shaolin. Ao contrario dos monges que eram simpatizantes das tentativas revolucionarias do povo e a ele se uniram na tentativa de derrubar o governo Manchu, a monja Ng Mui não se interessava por questões políticas, deu prosseguimento a sua carreira religiosa no templo da Garça Branca na montanha de Tai Leung, localizada na fronteira das províncias de Szechwan e Yunnan.

   Embora fosse a mais jovem dentre os mestres que sobreviveram a Shaolin, Ng Mui era a única que pertencia a hierarquia mais alta do templo e portanto só ela poderia ter tido acesso ao estilo Ch’an Tao Chuan, graças a sobrevivência de Ng Mui, o Ch’an Tao Chuan permanece vivo até os tempos atuais. Sendo assim, passado somente para alguns de seus discípulos, devido a criação do Wing Tsun e sua intenção na propagação desse estilo.

Com o passar dos séculos, o Ch’an Tao Chuan foi sendo transmitido em segredo de mestre para discípulo, somente anos depois, que o Ch’an Tao Chuan foi introduzido como esporte financeiro, ou seja, foram abertas algumas academias que ensinavam este grandioso estilo de Kung fu. Mais tarde, com a formação de novos professores, o Ch’an Tao Chuan foi levado para outros paises e assim, propagado no mundo todo. Não existiam símbolos que representassem o Kung fu e seus diversos estilos de luta, mas, com a propagação do Kung fu para o mundo, o Ch’an Tao Chuan teve alguns símbolos no Brasil, dentre eles, estão alguns símbolos antigos ao lado.

   Devido a mistura de crenças, costumes e tradução dos antigos Mestres/praticantes do Ch’an Tao Chuan, ele se dividiu em várias linhagens, dentre elas, o Ch’an Tao Chuan – Kung fu, propriamente dito; o Shaolin Tao Chuan – Kung fu (que é o mesmo Ch’an Tao Chuan, alterando apenas o nome); o Vajramushti – Karatê (quando foi levado ao Japão), entre outros estilos de luta, conforme a localização, crença, costume e tradução de cada Mestre/praticante.

   Nos tempos atuais, o Ch’an Tao Chuan tem sido praticado em poucas academias no Brasil, devido à imensa variedade de estilos de Kung Fu e outras Artes Marciais, na Bahia, o Ch’an Tao Chuan continua sendo praticado até os dias de hoje, o Professor Kleyber Nilo, juntamente com o Professor Givanildo Costa tem trabalhado em prol de um projeto de reestruturação desse estilo de Kung Fu, dando continuidade a existência viva desse poderoso estilo de Kung Fu.

   OPNIÃO PESSOAL SOBRE O CH'AN TAO CHUAN

    Particularmente, conheci vários estilos de Kung fu, em minhas viagens, pude conversar com vários profissionais dentro da área, e com a minha onião própria e formada, posso afirmar com todas as palavras, NÃO EXISTE UM ESTILO DE KUNG FU MAIS FORTE QUE ESTE! SE EXISTIR, EU NÃO CONHEÇO!

   O Kung fu tem sido violentado por pessoas que se esqueceram das filosofias, do respeito e da soberania das artes marciais, por isso, a criação de tantos estilos novos, que, infelizmente, visão benefício financeiro, mas, o que depender de mim, o Ch'an Tao Chuan nunca será extinto, ao contrário, provará que é bem melhor, mais eficiente, mais bem preparado e mais direto que grande parte desses estilos de Kung Fu existentes no Brasil.